Ontem e Hoje

A T E N Ç Ã O: ESTE BLOG É ESCRITO POR MIM, ISMAEL CIRILO, 87 ANOS. PODEM ME CHAMAR DE SOIÉ. (ONTEM E HOJE está sendo publicado na conta de meu filho Cláudio, por isso o perfil dele é que está aparecendo. Coisas do Blogger Beta!).

Minha foto
Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Alguém que sempre quer saber mais: inquieto, crítico, curioso.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

De São José da Lagoa a Nova Era

Estou voltando ao ano de l938, precisamente ao dia 17 de dezembro, na turbulência do “Estado Novo”, quando minha terra, São José da Lagoa, foi elevada à categoria de cidade.
Recebeu, então, o nome de Presidente Vargas. Compunha-se de um só Distrito, o da sede, o qual foi instalado em 1º de janeiro de 1939, quando entrou em exercício seu primeiro prefeito, Nelson de Lima Bruzzi, nomeado em 31/12/38.

- Porque Presidente Vargas?

Na época, o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas era o Presidente do Brasil e, para homenageá-lo, o novo município recebeu seu nome.

Mais tarde, com a criação do pólo industrial do Vale do Aço, composto pelas cidades de Ipatinga (Usiminas), Itabira (Cia. Vale do Rio Doce), João Monlevade (Cia. Siderúrgica Belgo Mineira) e Timóteo (Acesita), nossa pequena cidade prosperou muito, pois está geograficamente situada entre os quatro polos acima, na Zona Metalúrgica, dentro do que se denomina quadrilátero ferrífero, de futuro promissor. Cresceu e evoluiu bastante, a ponto de se tornar uma das mais prósperas do vale do Rio Piracicaba e, em pouco tempo, foi elevada a categoria de Comarca.

O então governador de Minas. Dr. Benedito Valadares, ainda para homenagear Getulio Vargas, novamente por decreto, com data de 13 de junho de 1942, transferiu o nome de Presidente Vargas para Itabira, que passou a ter o nome Presidente Vargas.

Assim, a antiga São José da Lagoa, depois Presidente Vargas, passou a ser a Nova Era de hoje.

No entanto, a população de Itabira protestou, pois a tradição de um nome centenário fora quebrada e, em movimentos populares e políticos, em pouco tempo, recuperou o nome Itabira.

O nome Nova Era foi bem recebido pelos habitantes daqui, enquanto o município a cada dia mais e mais se destacava no cenário social e político da região.

A rodovia BR-381 trouxe-nos uma ”nova era” de progresso, através do escoamento e recebimento de produtos básicos.


A PONTE DOS ARCOS



Posted by Hello
A ponte dos arcos,
construída no governo de Benedito Valadares, é cartão postal de Nova Era. É muito bonita em seus quase 100 metros de extensão. Pintada de branco, contrasta com a vegetação abundante, o casario e as águas do Rio Piracicaba, barrentas nessa época de chuvas.

Para sua inauguração foram convidadas pelo prefeito Nelson de Lima Bruzzi as seguintes autoridades:

O Presidente da República, Getulio Dorneles Vargas e seus ministros, além do Governador do Estado, Benedito Valadares e seus secretários. Diversas cidades de Minas e de outros estados enviaram delegações representativas. Foram dois dias de solenidades, com a presença das autoridades citadas.
Importante: Eu participei ativamente dos festejos, pois era músico da banda Euterpe Lagoana, na qual tocava clarineta!

Somente um pequeno trecho da rua principal tinha calçamento e, como todos os convidados viriam de carro, o nosso prefeito determinou que todas as ruas por onde as autoridades deveriam passar fossem cobertas com uma camada bem espessa de areia, para que os carros não balançassem. Milhares de metros cúbicos de areia foram espalhados e os carros rodavam suavemente.

Em várias oportunidades, Nova Era recebeu a visita oficial de outros governantes como Juscelino Kubitschek, Bias Fortes, Milton Campos, Francelino Pereira, Eurico Gaspar Dutra e outros.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

QUEBRANDO A TRADIÇÃO

Atendendo ao pedido de Aparecida, vou contar este caso:
No mês de julho de 1961, eu e a eterna namorada Aparecida Costa, minha esposa, resolvemos passar as férias escolares no tradicional Colégio do Caraça. Situa-se na serra do mesmo nome, distante 90km de Nova Era, já no município de Santa Bárbara. (Hoje, pertence a Catas Altas).
Na época, ali estudava o filho Cláudio. Mais tarde, para lá também foi o seu irmão Clóvis.

Tomamos a decisão de passar uns dias no Caraça, porque, naquele tempo, os alunos não podiam visitar as famílias no meio do ano. Para atenuar a saudade que a cada dia aumentava mais, decidimos ir...
Tudo combinado com o Padre Diretor, embarcamos na Maria Fumaça, que percorria os trilhos da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), até à estação de Barra Feliz, onde uma viatura do Caraça já nos aguardava.

Aparecida com os filhos, Clóvis, Cléver, Ismael José, Sheila e Jaques (todos menores, entre 9 e 1 ano de idade!) foram alojados na casa das velhas ajudantes do Colégio, denominadas Sampaias, fora dos muros do educandário. Era uma tradição centenária, que não admitia a permanência de pessoas do sexo feminino naquele recanto, quase um mosteiro. Como homem, eu deveria hospedar-me no prédio principal, onde residiam os padres professores e os alunos. Havia alguns quartos reservados aos hóspedes masculinos. Assim foi feito.
Já no primeiro dia, o Padre Superior percebeu que os meninos estavam sentindo muito a separação forçada do pai. Consultou, então, os colegas e decidiram quebrar a tradição: a partir daquela data, permitiriam que todo casal visitante, desde que realmente casado, se hospedassem do lado de dentro dos muros da casa.
Vejam, fomos os responsáveis por uma quebra de tradição do antigo Colégio.
Permanecemos por muitos dias. Visitamos todos os pontos turísticos: Cascatinha, Cascatona, Pico da Carapuça, Tanque Grande, Tanque Pequeno (chamado Tanque São Luís), etc. Fizemos pescaria, subimos até o alto da torre da igreja gótica de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Diariamente, participávamos das missas.
Apreciamos o quadro da Santa Ceia, pintado por Mestre Athaíde - que obra prima!!! As músicas eram executadas no Órgão - que maravilha!!!

Passávamos horas conversando no adro da igreja, onde, atualmente, todas as noites, os lobos selvagens (Lobo Guará) chegam em busca de restos de comida (ossos de frango), após subir as escadarias de pedra. A presença dos animais, que o Padre Tobias Zico alimentava com as próprias mãos, já foi objeto de reportagens até na Rede Globo e Revista Veja!
Voltamos sempre ao Caraça, local que jamais esqueceremos.
[Meus filhos não chegaram a ser padres, porém, receberam educação esmerada: hoje, o Cláudio é médico e o Clóvis, engenheiro. Ambos residem em Belo Horizonte.]

sábado, fevereiro 12, 2005

Porco no sereno

Hoje vou falar do ontem:

Lá pelos idos de 1938, meu saudoso pai, Sô Ilidinho, era comerciante aqui em Nova Era, no ramo de mercearia, em cujo estabelecimento vendia-se de tudo, ou melhor, quase tudo. Eu, ainda muito novo, já ajudava meu pai no atendimento aos fregueses. Nós conversávamos muito,

Certo dia, meu pai disse-me que, no dia 20 de março, iria matar o porco que estava engordando na “ceva”, pois o aniversário do meu irmão, Diló, estava chegando (22 de março). Seria oferecido aos familiares um jantar caprichado, como só minha saudosa mãe sabia fazer, ela cozinhava muito bem.

Cidade pequena, todos os vizinhos se conheciam e era comum, quando alguém estava a engordar um porco, todos ajudarem com a remessa de sobra de comida e cereal, sendo que a todos o papai prometia um pedaço de carne quando o porco fosse abatido.

Destaco alguns vizinhos: José Custódio, Zeca Álvares, Olinto Araújo, Antônio Pedro, Zé Valentim, Morêto, Antônio Quirino, Peixoto e os meus tios João Serapião, Otaviano Costa e Sanôra

Marcado o dia, José Custódio ofereceu seus préstimos na tarefa do abate, aconselhando ao papai fazer o seguinte: após sacrificar o animal e separar as duas bandas do porco, dependurá-las no terreiro, onde deveria ficar até o dia seguinte, para escorrer.

- Quando a noite chegar, você guarda na despensa e anuncia que ladrões furtaram o porco, que estava a escorrer.

E acrescentou:

- Se você der um pedaço do porco para todos que ajudaram a engordá-lo, quase nada lhe sobrará. Mas se anunciar que o porco foi furtado, ninguém vai ganhar um pedaço de carne, porém o meu pedaço, terá de ser bem maior, bem generoso...

Meu pai, com voz alterada disse:

- Isso nunca! Jamais farei isso! O porco vai ficar no sereno e amanhã todos receberão o pedaço prometido.

No dia seguinte pela manhã, que surpresa desagradável, o papai foi ao terreiro para destrinchar o porco e o mesmo havia desaparecido: alguém o furtara!

{Batidas na porta)

Ao escutar as batidas, papai abre a porta e encontra nada mais nada menos que o seu ajudante de véspera., José Custódio, a quem informa sobre o desaparecimento do porco.

- É assim mesmo, sô Ilídio, disse o Custódio. Continue a afirmar que o porco foi furtado durante a noite, todos irão acreditar. É assim mesmo que se fala, passe para cá o meu pedaço, um naco bem grande.

Papai reafirma que o porco tinha mesmo sido furtado e que jamais procederia daquele modo sugerido.

A noticia do furto correu célere.

Pouco depois aparece lá em casa o meu tio João Serapião, convidando-nos para almoçar na casa dele, convite extensivo a todos lá de casa. Quando chegamos à casa do Serapião, todos aqueles que contribuíram com restos de comida para a engorda do porco estavam ao redor de uma grande mesa, repleta de apetitosos pratos, lombo assado, pernil assado, lingüiça, tutu à mineira, arroz etc. que a dona Maria-de-Joãozinho havia preparado,

Todos bateram palmas para o papai, mostrando a ele que ali estava o porco que havia sido furtado; meu pai, rindo sem parar, aceitou de muito bom grado a alegre brincadeira.

Olha a bandinha aí, gente!

Olha a bandinha aí, gente! Conforme contei outro dia, a Bandinha dos Farrapos é tradição em Nova Era. Na foto, está parada diante de minha casa (que fica à esquerda e não aparece). Após descer a Rua Governador Valadares, faz essa parada. Marcha prá frente e prá trás, de um lado para outro. Após alguns "números musicais", é hora da cervejinha. Os músicos já chegaram tontos e saem mais calibrados ainda. É Carnaval e tudo pode, não?

Bandinha dos Farrapos Posted by Hello

Agradecimento

Estou estupefato com a repercussão do meu BLOG, criado no domingo de carnaval. Tenho recebido palavras de incentivo de norte a sul do país, de minha terra (Nova Era) e até do exterior.
Alguns enviaram e.mail, outros comentaram pelo telefone e alguns pessoalmente.
A minha responsbilidade é enorme. Procurarei não decepcionar vocês, meus prezados amigos e amiguinhas, a saber: Cláudio, Amélia Costa, Ismael José, Gesiel, Idelber, Cristina Cota, Ilídio, Ana Letícia, Clóvis, Consolação, Paulo, Guto, Mônica, Rogério, Andrei, Leo, Daniel, Jaques, Flávia, Madureira Velasco, Aparecida Pa., Maura, Bete, Allan, Regina, Nuedos, Sônia, Sheila. Abraços para eles e beijinhos para ELAS, especialmente para minha esposa e eterna namorada Aparecida Costa.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Marchando para trás

Nova Era pára para ver a Bandinha dos Farrapos passar.
A Bandinha dos Farrapos é tradicional aqui na cidade, onde todo Carnaval, desfila pelas ruas e avenidas, atraindo a atenção de todos. Vale a pena ver e ouvir a Bandinha dos Farrapos: o Maestro não é obedecido, haja vista que a Bandinha dos Farrapos é a “única” em todo o planeta que marcha para trás, isto mesmo, marcha à ré, em sentido contrário aos passos do Maestro que mandou seguir à frente.
Vejam: eu sou mais privilegiado que a maioria da população pois a Bandinha, ao chegar em frente a minha residência, pára em minha homenagem, e executa algumas melodias e evoluções .
Todos os anos, o Maestro, em nome da corporação, me oferece uma camisa que, ato contínuo, passo a usar. É claro que, em retribuição – sempre bem recebida pelos músicos – ofereço para todos aquele líquido geladinho que desce redondo, refrigerantes, salgados, etc. Pois ninguém é de ferro.

domingo, fevereiro 06, 2005

Iniciando...

Hoje, domingo de Carnaval, começo nova atividade: publicar um blog!
Conto com a assistência do filho Cláudio, do PrasCabeças, que veio de Belo Horizonte para nos visitar. Desta vez, veio apenas com a sua Amélia, já que os filhotes se espalham por este Brasil: Ana Letícia está em Macaé-RJ, enquanto Ângelo se esbalda em Nepomuceno-MG e Leonardo apronta em Diamantina-MG.
O objetivo principal deste Ontem e Hoje é relatar as memórias de fatos que merecem ser lembrados, ou por serem engraçados, ou por serem curiosos, ou porque foram significativos para mim, ou porque viajar ao passado é uma forma de nortear o futuro: aprende-se com os erros, castigam-se os maus costumes com o riso, e revivemos sempre. Afinal, recordar é viver.
Além da satisfação pessoal, a mais importante de todas as alegrias é poder compartilhar bons momentos, casos pitorescos, idéias, fotos, poesias, piadas, acontecimentos daqui e de agora, de ontem e de hoje.
Quando me visitarem, LEMBREM-SE de deixar seus comentários. Assim, essa página terá mão dupla: de mim para vocês e de vocês para mim. E isso é importante, mesmo.