Ontem e Hoje

A T E N Ç Ã O: ESTE BLOG É ESCRITO POR MIM, ISMAEL CIRILO, 87 ANOS. PODEM ME CHAMAR DE SOIÉ. (ONTEM E HOJE está sendo publicado na conta de meu filho Cláudio, por isso o perfil dele é que está aparecendo. Coisas do Blogger Beta!).

Minha foto
Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Alguém que sempre quer saber mais: inquieto, crítico, curioso.

domingo, agosto 28, 2005

AQUELES OLHOS VERDES...

Amigos e amigas que me visitam neste blog: não pensem que abandonei o Ontem e Hoje. Isso, não! Escrever meus casos aqui é uma diversão maravilhosa e a alegria que sinto ao receber comentários de quem me lê é mais maravilhosa ainda. Agradeço a todos que deixaram comentários e prometo responder um a um, tão logo seja possível.
Entretanto, há uns 10 dias, ausentei-me. Explico:
Na segunda-feira passada, tive que me submeter a uma pequena cirurgia no olho direito para retirar uma catarata que me dificultava a visão. O médico explicou que iria trocar "a lente do meu olho, que estava suja". O nome dessa lente é "cristalino". Pois o meu cristalino não fazia mais justiça ao nome. Parecia mais um caco de garrafa velha, daquelas deixadas lá no fundo do terreiro.
Pois bem, o doutor disse que ia colocar um cristalino de primeira qualidade, novinho, totalmente transparente. Não pude recusar!
A cirurgia ocorreu numa cidade chamada Pedro Leopoldo. A gente pega a rodovia que vai de BH ao Aeroporto de Confins. Um pouco antes do aeroporto, entra-se à esquerda. Mais uns 20 minutos e estamos em PL. Tudo foi arranjado pelo meu irmão, Ismar. Fiquei hospedado na sua casa muito bem recebido pela sua esposa Ana Elisa e pelas filhas: Ludmila, Mary Fátima e Cybelle. É lógico que minha eterna namorada Aparecida me acompanhou o tempo todo.
Engraçado que estive pensando no meu post anterior: "O amor é cego" (alguém leu?). Pois eu é que estava quase cego! Agora, não! O tal do cristalino resolveu o problema.
Já sei que deu tudo certo: antes, não conseguia ver o verde dos olhos da Aparecida. Agora... ah! como são verdes!
Terça-feira vim para a casa do meu filho Cláudio. Aqui permaneceremos eu e Aparecida, até depois de amanhã, quando farei uma consulta de avaliação. Se tudo estiver bem, retornaremos a Nova Era.
É desnecessário dizer que a acolhida do Cláudio e sua Amélia, mais os netos Ana Letícia, Ângelo e Leonardo, está muito calorosa.
Ontem, o Cláudio preparou moqueca de surubim e nos serviu do vinho fabricado com as uvas colhidas das vinhas que ele tem, nas encostas da Serra do Caraça. Nem precisa dizer como estava bom. A foto comprova isso:


[Este post foi ditado ao Cláudio, para que o digitasse para mim].

sexta-feira, agosto 19, 2005

ALMANAQUE: "O AMOR É CEGO"


Vou contar para os meus netos:

Vinícius e Rafael residentes em Gurupi,TO; Fabíola, Matheus e Larissa, residem em Vitória-ES; Ismael Hipólito, em Marataizes-ES; Nélio Henrique, Maria Eduarda, Luana e Haroldo, em Nova Era-MG.

Aos outros netos, também, é claro, como Ana Letícia, Ângelo, Leonardo, Clóvis Fabrício e Lílian, residentes em Belo Horizonte-MG; e, lógico, vou contar também à Natalia, que mora em Sabará-MG.

O Adágio popular afirma que o Amor é Cego, vejam porque:

Antigamente, até os Sentimentos falavam; como eram tagarelas os Sentimentos!

Para começar, a Loucura resolveu convidar os amigos para uma festa em sua casa.

Todos os convidados foram. Após os “comes e bebes”, a Loucura propôs:

- Vamos brincar de esconde-esconde?

- Esconde-esconde, o que é isso? perguntou a Curiosidade – que era muito curiosa.

- Esconde-esconde é uma brincadeira, eu conto até 100 e vocês se escondem. Quando eu acabar de contar, todos já se esconderam.Aí, eu vou procurar vocês e o primeiro a ser encontrado, será o próximo a contar.

Todos aceitaram, menos o Medo que era muito medroso e a Preguiça, pois ela sempre foi preguiçosa.

- Um... dois...três... a Loucura começou a contar.

A Pressa que era muito apressada, foi a primeira a se esconder num lugar qualquer.

A Timidez, tímida como sempre, escondeu na copa de uma árvore.

A Alegria sorrindo correu para o meio do jardim.

A Tristeza começou a chorar, só por não encontrar um lugar para se esconder. A Inveja que era muito invejosa, acompanhou o Triunfo e se escondeu perto dele, debaixo de uma pedra.

A Loucura continuava a contar e seus amigos iam se escondendo. O Desespero ficou desesperado ao ver a Loucura chegar nos 99.

- 100! -gritou a Loucura- Vou começar a procurar!

A primeira a aparecer foi a Curiosidade. Era tão curiosa que já estava querendo saber quem seria o próximo a contar.

Ao olhar para um lado, a Loucura viu a Dúvida em cima de uma cerca, sem saber em qual dos lados ficaria melhor para se esconder. E assim foram aparecendo a Alegria, a Tristeza, a Timidez... quando estavam todos reunidos, a Curiosidade, que até hoje é curiosa, perguntou:
- Onde está o Amor?

Ninguém o tinha visto.

A Loucura começou a procurá-lo. Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada do Amor aparecer.

A Loucura viu uma roseira, pegou um pauzinho e começou a procurar entre os galhos, quando, de repente ouviu um grito. Era o Amor gritando por ter furado o olho com um espinho. A Loucura não sabia o que fazer. Ficou como louca, pediu desculpas, implorou pelo perdão do Amor, e até prometeu segui-lo para sempre.O Amor aceitou as desculpas.

Hoje o Amor é cego e a Loucura o acompanha sempre.

Abraços do avô, Ismael.

__________
"Almanaque" - s.m. - calendário com os dias e os meses do ano, os feriados, as luas, as festas etc.; folhinha; folheto ou livro que, além do calendário do ano, traz diversas indicações úteis, poesias, trechos literários, anedotas, curiosidades, etc.

"Adágio" - s.m. - sentença moral de origem popular; anexim, ditado, provérbio.

quinta-feira, agosto 11, 2005

BOIS NÃO VOAM, MAS HÁ VACAS QUE OLHAM PARA O CÉU

Os melhores churrascos que já saboreei foram os da Churrascaria “Boi na Brasa”, em Porto Alegre-RS (salvo engano, em Belo Horizonte há uma churrascaria com o mesmo nome). Conheci a “Boi na Brasa” quando eu e minha eterna namorada Aparecida estivemos excursão no Sul, juntamente com mais colegas da “Melhor Idade”.

Na capital gaúcha, depois de um vôo tranqüilo nas asas da “Varig”, desembarcamos no aeroporto Salgado Filho, onde nos aguardava um ônibus fretado pela empresa CVC Turismo, que nos conduziu ao hotel previamente reservado.

Os jantares eram, quase sempre, em Churrascarias, sempre acompanhados de bebidas “quentes”, saborosos vinhos de Bento Gonçalves, Gramado e até do vizinho país, Argentina.

Além de inúmeros pontos pitorescos, tanto da capital como da região metropolitana, visitamos algumas outras cidades mais distantes.

Como vivemos em Minas, região montanhosa ficamos impressionados com a quantidade de planícies, baixadas e mais baixadas a se perderem de vista.

Ao almoço ou jantar, o churrasco era sempre bem vindo, com carnes macias, apetitosas.

Eu dava preferência aos ligeiramente sanguinolentos ou “mal passados”, como se diz por aqui, mas não dispensava, também, aqueles outros bem tostados.

Em conversa com um churrasqueiro, ele me informou que não havia segredo para que a carne gaúcha fosse invariavelmente macia. Explicou: as pastagens são planas, não há subidas, as reses não fazem exercício algum subindo e descendo morro para pastar.

Um dia, levaram-nos próximo à fronteira com a Argentina e o guia da CVC solicitou-nos que prestássemos atenção ao gado no pasto. Utilizando-se daqueles microfones de ônibus turísticos, falou:

-Faltam poucos minutos para o meio dia, olhem todos para fora. Lá está uma grande criação de bovinos, numa paisagem típica desta região, os pampas.

E acrescentou:

- Todos os dias, às seis horas da manhã, ao meio dia e às seis horas da tarde, todas as vacas levantam a cabeça e olham para o céu.

Todos rimos, julgando ser uma brincadeira, provavelmente de cunho religioso. Alguém gritou:

- É por causa da hora do Ângelus, da Ave Maria!

A gargalhada foi geral. Mas...

Nesse instante, os relógios marcavam meio dia e como num passe de mágica, todas elas - as vacas - levantaram as cabeças e olhavam para o céu! Impressionante. Pois foi um silêncio geral, seguido de gritos de admiração.

Eu, agora, pergunto: Por que o fenômeno? Por que as vacas, nas pastagens próximas à fronteira com Argentina, olham para o céu?

______________

Nota 1: - Um neto, que está na faculdade, precisa da resposta com certa urgência, quem pode me ajudar?

Nota 2 – Sortearei uma caixa de bombons entre aqueles que informarem corretamente.

Aquele abraço do Soié.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Rabo-de-peixe: a solução!

Minha esposa, a eterna namorada Aparecida, estava no final da gravidez, à espera de mais um filho.

Gestação normal, acompanhamento médico eficiente, o parto seria na maternidade Nossa Senhora das Graças, aqui em Nova Era-MG.

Todo o enxoval fora confeccionado, com o mesmo carinho de sempre, pela própria Aparecida. As peças dos primeiros dias já se encontravam dentro de uma maleta, a ser levada para a maternidade, no dia em que sucedesse o parto.

O neném deveria chegar na primeira semana do mês de Maio de 1965.

O dia 4 de Maio amanheceu com um sol esplendoroso, num céu azul, sem nuvens. Ao correr da manhã, o movimento de pessoas era intenso na Praça dos Expedicionários, onde residíamos no número 50, desde nosso casamento.

Nossos filhos mais velhos saíram cedinho para o Grupo Escolar Desembargador Drummond, a menos de 100 metros de nossa casa.

Após um gostoso café com broa de fubá e biscoitos caseiros, saí para o trabalho na agência local dos Correios e Telégrafos, onde exercia a função de telegrafista, recebendo e transmitindo telegramas pelo código Morse, que é assim:

Letra S: . . .

Letra O: - - -

Letra I: . .

Letra E: .

Pronto! Eis minha assinatura em código Morse:

. . . / - - - / . . / .

Antes de chegar aos Correios, uma paradinha a fim de fazer o ponto dos operários na construção do prédio do meu irmão, o Diló, residente em outra cidade (era eu quem gerenciava a obra).

Logo alcancei a agência e iniciei os trabalhos. Quatro horas depois, voltei a minha casa, onde Aparecida e os meninos me esperavam para o almoço, que transcorreu tranqüilamente. Degustamos banana “nanica” assada, com mel, canela e queijo ralado - que delícia de sobremesa!

Aparecida já sentia algumas contrações. Certamente, o bebê haveria de nascer nas próximas horas. Antes de retornar ao trabalho, combinamos que ela pediria a alguém que me chamasse, caso fosse necessário.

No meio da tarde, eis que surge o filho Jaques:

- Mamãe está chamando, papai!

Cinco longos minutos foi o tempo gasto para encerrar as transmissões. Comecei a ficar aflito.

Corri pra casa, onde encontro Aparecida ofegante, dizendo que chegara a hora. Não havia tempo a perder!

Como nós não possuíamos automóvel, corri à procura de um táxi, mas não havia nenhum no ponto. Eu já estava ficando apavorado, ansioso e desorientado quando surgiu o amigo Sérgio Loteria com o seu longo Chevrolet Belair 58, rabo-de-peixe.

Sinalizei para que parasse, rapidamente expus a situação e solicitei ajuda. Sem nada dizer, mandou-me entrar e tocou para minha residência.

Desci, entrei em casa, chamei minha mulher, peguei a maleta com as roupinhas e caminhamos juntos até à porta. Ao se deparar com aquele “carrão”, Aparecida perguntou-me:

- Onde está o táxi, Ismael?

Disse-lhe não haver nenhum táxi disponível e que o amigo Sérgio nos conduziria à maternidade.

Aparecida pôs-se a chorar:

- Nesse carro chique? Não é possível!

Expliquei-lhe que não havia táxi no ponto:

- Não percamos tempo! Entre e vamos embora!

Em instantes chegamos e Aparecida foi imediatamente conduzida à sala de partos. Agradeci, emocionado, ao Sérgio. Entrei e fiquei, como todo pai, muito ansioso ali na Sala de Espera, próximo ao bloco cirúrgico.

Não demorou muito e a enfermeira abriu a porta:

- Senhor Ismael, venha ver o menino forte, perfeito e sadio que vocês ganharam!

Abracei Aparecida, agradecemos a DEUS pelo final feliz e abençoamos o nosso oitavo filho, o Nélio Costa. Deixei-a confortavelmente instalada no apartamento, enquanto o Nélio recebia os cuidados rotineiros no berçário.

Para comunicar o nascimento a nossos familiares, dirigi-me ao telefone público, na parte externa.

Qual não foi minha surpresa ao encontrar o Sergio em seu Belair! O carro, tão comprido, se encontrava imobilizado num desnível na saída do estacionamento! Era engraçado, mas eu não podia rir dele...

O menino já tinha nascido e ele, ali, naquele “navio” encalhado!

Comuniquei-lhe o nascimento do menino e sugeri que deixasse o carro em ponto morto, saísse do mesmo e o empurrássemos para um ponto mais nivelado.

Foi o que fizemos e meu amigo, finalmente, tomou seu rumo. Contei para Aparecida o ocorrido e rimos demais da situação.

Aquele menino, hoje, trabalha na Caixa Econômica Federal e já se casou com Valdenice, funcionária da Escola Novaerense. O casal nos deu dois netinhos, um menino de quatro e uma menina de dois anos.

A história continua e a trama da vida se faz, assim, de pequenos e simples acontecimentos.

Acho que o tal do Chevrolet Belair "rabo-de-peixe" nem existe mais...