Ontem e Hoje

A T E N Ç Ã O: ESTE BLOG É ESCRITO POR MIM, ISMAEL CIRILO, 87 ANOS. PODEM ME CHAMAR DE SOIÉ. (ONTEM E HOJE está sendo publicado na conta de meu filho Cláudio, por isso o perfil dele é que está aparecendo. Coisas do Blogger Beta!).

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Alguém que sempre quer saber mais: inquieto, crítico, curioso.

sábado, janeiro 28, 2006

Ímã da felicidade

Resolvi compartilhar com vocês o seguinte texto de um escritor japonês chamado Masaharu Tanigushi. Espero que gostem.

“Você acaba de entrar para o ano da felicidade, ano de 2006.

Os acontecimentos do passado apagaram-se juntamente com o ano que se foi.

Descortina-se a alvorada de um novo céu e uma nova terra. Um novo sol ilumina o seu lar. Apagou-se a treva e iniciou-se o mundo da luz.

Todas as coisas se renovaram. A sua mente se renovou. Transformou a sua visão. E o mundo se renovou totalmente.

O passado foi reflexo dos pensamentos que estavam acumulados no seu subconsciente. De agora em diante surgirá o que você idealizar na sua mente.

De hoje em diante você pensará na sua felicidade. Mentalizará a felicidade de toda a humanidade, a felicidade da população do seu país, o nosso Brasil, a felicidade do grupo a que pertence, a felicidade de seu lar e sua própria felicidade. Tudo o que você mentalizar virá ao seu encontro, pois os semelhantes se atraem. Se você mentalizar somente a felicidade, tornar-se-á como um ímã que atrai somente a felicidade.

No início do novo ano você se sente renovado e purificado, isso porque você capta as ondas do pensamento geral da humanidade, que vem sentindo essa renovação há milhares de anos. Sintonizar a mente com esse “espírito de Ano Novo” que está na consciência da humanidade é a formula mais fácil de renovar o seu espírito e é uma oportunidade sem igual.

O Ano Novo é o início de uma nova vida para todos, e o destino desse ano está em suas mãos. Você recebeu de Deus a liberdade de pensamento. Somente aquilo que você mentalizar é que se concretizará neste mundo material. Mentalize a felicidade própria e a do próximo. Não pense em coisas negativas. Entregue o passado ao passado, pense somente em coisas alegres.

E o Novo Ano de 2006 é a nova vida.

Aquele que possui a convicção de ser filho de Deus é sempre jovem, independente de sua idade.

Portanto todos nós, eu e vocês, aproveitemos esse congraçamento universal em que todos desejam felicidade a todos e, em uníssono, pedir ao Grande Arquiteto Criador do Universo que nos dê a Paz de que o mundo precisa.”
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De:
A Ciência do BemViver
Masaharu Taniguchi
Editora: SEICHO-NO-IE DO BRASIL (São Paulo)

domingo, janeiro 15, 2006

ALEGORIA DE PRIMAVERA

Primavera de 1974, dois anos antes de a nave espacial Viking pousar em Marte, Soié Bar completava nada menos que 8 anos de funcionamento.


Meus filhos todos, na medida em que atingiam idade compatível, colaboraram no tradicional e conhecido bar & lanchonete, freqüentado pela maioria dos novaerenses da geração Beatles, Led Zepelin, The Dors, Black Sabath e outras bandas.

O Soié Bar tornou-se o tradicional ponto de parada das Escolas de Samba: Desce Ladeira, Lá de Lá, Manjahy e do famoso bloco carnavalesco “Boca de Gole”. Também devo citar a famosa “Bandinha dos Farrapos”, cujos integrantes, até hoje, param em frente ao extinto Soié Bar durante os Carnavais, me homenageando.

[Tudo isso é a mais pura verdade, tanto é que pode ser confirmada pela Comunidade do Orkut: "Soié Bar: eu já fui!"].

Hoje, rememoro o acontecido com o meu sexto filho, Jaques Costa, na época com 15 anos, estudando no Colégio Estadual Nossa Senhora de Fátima, onde freqüentava a 7ª série do primeiro grau.

O referido Colégio mantinha disciplina rígida e qualidade de ensino invejadas em toda região, haja vista que a maioria daqueles que lá estudaram exercem, hoje, importantes cargos em empresas de renome nacional. Jaques, por exemplo, além de estar bem casado com Sandra Cristina e ter dois lindos filhos (Vinícius e Rafael Augusto) trabalha na Andrade Gutierrez como Engenheiro de Segurança do Trabalho, na construção da Usina Hidrelétrica de Peixe, em Tocantins.

Dirigia a escola o ilustre Padre Luiz da Fonseca Torga, Capelão do Hospital Nossa Senhora das Graças. Era pessoa muito íntegra e respeitada. Tinha como auxiliares os regentes Trajano Martins Bueno (Juiz de Paz), Olga Batista Galo, Bernadete Araújo, Geraldo Galvão e outros.

Tudo aconteceu, de acordo com o relato do próprio Jaques, de férias aqui em Nova Era, conforme passo a descrever:

Jaques me ajudava no “Soié Bar”. Certo dia, recebeu uma encomenda de carnes congeladas que seriam utilizadas no preparo das guloseimas e quitutes para os fregueses. As iguarias chegavam embaladas em caixas de madeiras e, para não serem violadas, eram cinturadas por uma fita metálica de 1,5 cm de largura, conhecida como “arco de barril”. Para rompê-la, usávamos um alicate universal, pois o arco metálico era travado com grampos resistentes.

Após receber, desembalar e armazenar a mercadoria no freezer, o rapaz teve brilhante idéia: pegou o alicate e confeccionou 21 apitos com pedaços da fita metálica. Vinte e um!!!

Para emitir som, o apito era levado até a boca e com o polegar e o dedo indicador, fechavam-se suas laterais. Ao assoprá-lo, obtinha-se um som agudo e ensurdecedor, principalmente em ambiente fechado.

Sempre de acordo com o relato do principal envolvido, prossigo:

Jaques levou os apitos para o colégio, no dia seguinte. Era uma linda manhã de início da Primavera: 21 de setembro. No trajeto de casa à escola, distribuiu-os aos colegas que encontrou. Não sobrou um!

Meu filho se recorda de alguns beneficiários de seu inusitado presente: o primo José Luiz Delfim, Estácio Magalhães, Eugênio Carneiro e o vizinho Bráulio Vilar, dentre outros. Eram também seus colegas de classe: o primo Carlos William Delfim, atualmente grande médico em Belo Horizonte; Iran Batista, excelente técnico mecânico da Oficina do Isaac, aqui em Nova Era; Sara Oliveira, Desidério, Ricardo Diniz, Leda Fioravante e outros ilustres novaerenses.

Sem nenhuma programação, no horário do recreio, todos que receberam o apito começaram a soprá-lo, produzindo um som ensurdecedor que irritava toda a direção da escola.

Jaques não tinha lugar no imenso e arejado pátio, buscando esconder-se de qualquer maneira, envergonhado e temeroso das conseqüências que poderiam advir pela algazarra insana.

Naquela época, durante o recreio, os meninos não podiam conversar com as meninas! Havia uma linha imaginária dividindo o pátio, sinalizada por uma grande árvore. Os meninos ficavam de um lado e as meninas ficavam do outro.

Pois foi a tal árvore que o salvou: detrás do tronco rugoso, Jaques acompanhava tudo, escondendo-se do Diretor postado à porta da diretoria, enquanto os inspetores anotavam os nomes de cada um dos baderneiros, distinguidos pelos apitos na mão e na boca.

Jaques foi sendo dominado pela tensão, praticamente aterrorizado, sem saber o que fazer ou a quem recorrer. É que a aula imediatamente após o recreio seria ministrada pelo Dr. Salvador Vasconcelos Barros, Promotor de Justiça da Comarca! Tratava-se de uma autoridade extremamente rígida e intolerante, não só na vida civil como também em suas aulas de História; não tolerava um deslize sequer. Todos sabiam disso e alguns tremiam só de escutar-lhe a voz. Pelo menos assim o disse meu filho.

De repente, a sirene toca, indicando o término do intervalo.

Por um lado, Jaques sentiu-se aliviado, pois o “apitaço” acabara. Por outro, seu coração palpitava com intensidade, pois imaginava que algo de ruim poderia acontecer.

Pernas trêmulas, postou-se na fila que cada turma tinha de formar bem defronte à respectiva sala de aula. A dele era quase contígua ao gabinete da Diretoria.

Alguns colegas lhe dirigiam gozações. Outros lhe pediam: “Ei, Jaques, me dá um apito!” Que chateação, que mico! Quanto mais tempo ali na fila, mais acanhado, preocupado e ruborizado ele ficava. Fingia não ser com ele, abaixava os olhos, mantinha-se sério.

Subitamente, surge o Diretor! Seguiam-no os inspetores e professores, sisudos, carrancudos, sérios. Jaques se lembrou das cenas de júri que via na TV: “Um tribunal iria ser instalado bem ali”, imaginou. O réu? Bem, só poderia ser ele mesmo. O crime? Bagunça, incitação à desordem, desacato à autoridade, qualquer coisa passível de punição rigorosa! “Nossa Senhora, ajude-me!”, rezou.

Dr Salvador, dublê de professor e Promotor de Justiça, encaminhou-se para a porta de sua classe e autorizou a entrada dos alunos: primeiro, as meninas; a seguir, os meninos.

Tremendo – não de frio! - Jaques ocupou seu lugar: “Meu Deus, é agora!”

Assentados todos, o temido mestre iniciou um discurso:

- Neste momento, não me interessa saber quem é o responsável pela “alegoria” alusiva à entrada da Primavera. Eu só tenho elogios para essa mente criativa. Pena que a direção do colégio e alguns de meus colegas de profissão não pensem assim e querem punir o cabeça.

Fez uma longa pausa. Caminhou vagarosamente ao centro da sala, cabeça ereta, olhar dirigido para a parede do fundo. O silêncio era total. Parecia que o mundo inteiro silenciava. Jaques suava, tremia, não sabia onde se esconder e não conseguia imaginar uma saída para a situação. Assustou-se com a voz tonitroante do Dr. Salvador:

- Gostaria de parabenizar quem teve essa brilhante idéia. Inda mais, sugiro que outras datas importantes sejam igualmente lembradas, de forma a incentivar a criatividade da manifestação popular.

Os alunos se mantiveram em silêncio. “Seria uma armadilha?”, perguntavam-se.

Mas o Dr. Salvador concluiu:

- Fiquemos por aqui e consideremos que o episódio está encerrado.

Imagino o alívio do Jaques. Ele conta que seus sentimentos viraram pelo avesso: de medroso e humilhado, inchou o peito, experimentou um grande orgulho e se sentiu a pessoa mais importante do colégio.

...

Ao final da quinta aula, quando a caderneta de presença seria distribuída a cada aluno, Jaques não recebeu a sua! Nem os demais colegas do apitaço: “E agora?", pensou.

A resposta veio pela voz da inspetora:

- Fiquem aqui, que o Diretor quer falar com vocês!

Era meio-dia, a fome apertava tanto quanto o medo: “Nem lanchei por causa da bagunça e, agora, tenho ainda de ficar esperando?” Novamente uma reviravolta de sentimentos. Há um minuto, estava todo orgulhoso. De novo, o medo, o pavor, a certeza de punição! Mesmo com o sol a pino, Jaques tremia qual vara verde tocada pelos ventos gelados do vale do Rio Piracicaba, sempre brumoso naquele inverno que terminava. Em instantes, o Diretor entrou na sala e ordenou:

- Quem estiver portando algum apito aqui, que o entregue agora!

Como meu filho não tinha apito nenhum, pois havia distribuído todos, permaneceu calado e quieto, em sua carteira.

Nova ordem, em tom ameaçador:

- Quem tiver apito que o entregue agora!

Aos poucos, alguns foram entregando seu apitozinho improvisado, enquanto outros fingiam não ter nada a ver com aquilo. E o Jaques, quieto.

Finalmente, a sentença:

- Quem teve a coragem de devolver o apito ficará de castigo somente no dia de hoje, até às 13 horas. Os demais, por se omitirem, terão o mesmo castigo durante os outros dias desta semana. Podem ir. Boas tardes!

E assim terminou a improvisada alegoria à chegada da Primavera.

Agora, eu pergunto:
Jaques merecia castigo? Deveria ter-se apresentado? E os colegas que não o denunciaram, foram heróis ou bobocas?

domingo, janeiro 08, 2006

SEGREDO PARA UM CASAMENTO DURADOURO

Tenho alguns amigos ainda jovens que já viveram a experiência da separação conjugal. Eles não se cansam de me perguntar como eu consegui permanecer, casado com a mesma mulher nos últimos 57 anos e, espero, por mais outro tanto. As mulheres perguntam à minha esposa e eterna namorada Aparecida como é que ela conseguiu ficar casada comigo por tanto tempo.

Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer como manter um casamento por tanto tempo.

Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é o que se segue:

Hoje em dia, o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou no quarto casamento. A única diferença é que me casei quatro vezes com a mesma mulher. Explico:

Em 05/06/1948, casei-me no civil, com a presença de inúmeras testemunhas. A solenidade foi realizada na residência da noiva, seguindo-se um lauto almoço.

Na tarde do mesmo dia, com a Matriz de São José literalmente lotada, ocorreu o casamento religioso, celebrado pelo padre Antônio Mendes Barros.

Passados vinte e cinco anos, em 05/06/1973, eu e minha esposa, comemorando as Bodas de Prata, comparecemos à mesma igreja para, pela terceira vez, reafirmarmos nosso compromisso de amor e fidelidade, diante do padre Efrain Solano Rocha.

Finalmente, 05/06/1998, já nas Bodas de Ouro, eu e Aparecida (sempre a mesma mulher!) comparecemos perante o Altar de Deus, na mesma Matriz de São José, para mais uma solenidade: o quarto casamento, presidida pelo mesmo padre Efrain, paramentado solenemente, que comemorava suas Bodas de Ouro sacerdotais.

O segredo do casamento não é a harmonia eterna.

Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar, partir de novo com a mesma mulher. O segredo, no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige um cuidado e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal.

De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir, ser seduzido.

Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel sem os filhos, eternamente brigando para ter sua irrestrita atenção?

Sem falar nos inúmeros quilos que se acrescentaram em você depois do casamento, mulher e marido que se separam, perdem 10 quilos num único mês, porque vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo você naturalmente passaria a freqüentar lugares ainda desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe do seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o marido por trinta anos sempre do mesmo jeito. Muitas vezes não é sua esposa que está ficando chata e mofada. Chata e mofada, sãos os amigos dela (e talvez os seus), são seus próprios móveis com as mesmas e desbotadas decorações. É preciso renovar, renovar sempre. Eu e Aparecida já trocamos os móveis e até a casa, diversas vezes.

Se você se divorciasse, trocaria tudo, que é certamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos.

Não é preciso um divórcio para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses, e não se deixa acomodar. Isso, obviamente, custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses custos para renovar o casamento. Mas se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas e você ainda terá que pagar pensão dos filhos da união anterior.

Não existe essa tal “estabilidade” do casamento, nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.

A maior estratégia para manter um casamento não é uma “relação estável”, mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa saber evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensado fazer no início do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família? É o que os seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto descubra o novo homem ou a nova mulher que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par.

Tenho certeza de que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos, apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão, por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas isso sempre com o mesmo par.

(Partes deste texto eu extraí do Jornal O PAROQUIANO, de Nova Era).

Feliz Ano Novo para todos blogueiros, com muita Saúde, Paz e Amor.