Ontem e Hoje

A T E N Ç Ã O: ESTE BLOG É ESCRITO POR MIM, ISMAEL CIRILO, 87 ANOS. PODEM ME CHAMAR DE SOIÉ. (ONTEM E HOJE está sendo publicado na conta de meu filho Cláudio, por isso o perfil dele é que está aparecendo. Coisas do Blogger Beta!).

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Alguém que sempre quer saber mais: inquieto, crítico, curioso.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

QUEBRANDO A TRADIÇÃO

Atendendo ao pedido de Aparecida, vou contar este caso:
No mês de julho de 1961, eu e a eterna namorada Aparecida Costa, minha esposa, resolvemos passar as férias escolares no tradicional Colégio do Caraça. Situa-se na serra do mesmo nome, distante 90km de Nova Era, já no município de Santa Bárbara. (Hoje, pertence a Catas Altas).
Na época, ali estudava o filho Cláudio. Mais tarde, para lá também foi o seu irmão Clóvis.

Tomamos a decisão de passar uns dias no Caraça, porque, naquele tempo, os alunos não podiam visitar as famílias no meio do ano. Para atenuar a saudade que a cada dia aumentava mais, decidimos ir...
Tudo combinado com o Padre Diretor, embarcamos na Maria Fumaça, que percorria os trilhos da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), até à estação de Barra Feliz, onde uma viatura do Caraça já nos aguardava.

Aparecida com os filhos, Clóvis, Cléver, Ismael José, Sheila e Jaques (todos menores, entre 9 e 1 ano de idade!) foram alojados na casa das velhas ajudantes do Colégio, denominadas Sampaias, fora dos muros do educandário. Era uma tradição centenária, que não admitia a permanência de pessoas do sexo feminino naquele recanto, quase um mosteiro. Como homem, eu deveria hospedar-me no prédio principal, onde residiam os padres professores e os alunos. Havia alguns quartos reservados aos hóspedes masculinos. Assim foi feito.
Já no primeiro dia, o Padre Superior percebeu que os meninos estavam sentindo muito a separação forçada do pai. Consultou, então, os colegas e decidiram quebrar a tradição: a partir daquela data, permitiriam que todo casal visitante, desde que realmente casado, se hospedassem do lado de dentro dos muros da casa.
Vejam, fomos os responsáveis por uma quebra de tradição do antigo Colégio.
Permanecemos por muitos dias. Visitamos todos os pontos turísticos: Cascatinha, Cascatona, Pico da Carapuça, Tanque Grande, Tanque Pequeno (chamado Tanque São Luís), etc. Fizemos pescaria, subimos até o alto da torre da igreja gótica de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Diariamente, participávamos das missas.
Apreciamos o quadro da Santa Ceia, pintado por Mestre Athaíde - que obra prima!!! As músicas eram executadas no Órgão - que maravilha!!!

Passávamos horas conversando no adro da igreja, onde, atualmente, todas as noites, os lobos selvagens (Lobo Guará) chegam em busca de restos de comida (ossos de frango), após subir as escadarias de pedra. A presença dos animais, que o Padre Tobias Zico alimentava com as próprias mãos, já foi objeto de reportagens até na Rede Globo e Revista Veja!
Voltamos sempre ao Caraça, local que jamais esqueceremos.
[Meus filhos não chegaram a ser padres, porém, receberam educação esmerada: hoje, o Cláudio é médico e o Clóvis, engenheiro. Ambos residem em Belo Horizonte.]