Moeda de Ouro
Meus amigos, agora que voltamos do passeio a Porto de Galinhas, as visitas aqui em casa - sempre bem-vindas! - prazerosamente nos ocupam. O tempo escasso não me permite elaborar um post pessoal. Mais uma vez, compartilho com todos as lições do contador de histórias, Malba Tahan:
Quando o poderoso e justo califa Omar Ibn-Kaattab, que conquistou a Pérsia e dominou o Egito, caminhava um dia acompanhado de grande comitiva pelos arredores de Medina, aproximou-se casualmente da pobre casa onde morava um velho muçulmano chamado Mahamed Bem-Ibraim, tão famoso pelo seu caráter como pela bondade com que o adornava.
O cadi Zemam Edim (Allah se compadeça dele), homem invejoso e intrigante, que vinha ao pé do soberano, observou:
Naquela casa, ó Emir dos Crentes, mora o velho Mahamed Ben-Ibrahim que viveu entre os infiéis e idólatras de Constantinopla! Perverteu-se com certeza! Não pode mais merecer a nossa amizade nem a nossa confiança!
Ao ouvir essa pérfida insinuação – que vinha como a flexa do bárbaro cheia de veneno – o generoso califa não se conteve e sentiu que o malévolo cadi deveria receber, naquele momento, uma duradoura e profunda lição de moral. Tomando, pois, uma moeda de ouro, atirou-a na lama do caminho e ordenou:
- Apanha-me, cadi, aquela moeda de cobre!
- Zenan Eddin, que tinha visto a moeda observou respeitoso:
- Por Allah! ó califa! Segundo creio, deveis estar enganado. Peço-vos humildemente perdão, aquela moeda é de ouro e não de cobre
- Tem certeza?
- Tenho, sim, ó comendador dos crentes! Eu a vi em vossas mãos!
E apanhando a moeda, limpou-a da lama negra que a sujava e entregou-a ao califa.
Omar Ibn Al-Khattab, o poderoso senhor das terras do Islam, dirigiu-se, então, calmamente, ao maldoso cadi e disse-lhe:
Asseguraste, com absoluta firmeza, que a moeda de ouro nada poderia perder de seu valor ao cair no meio da lama. Também o homem puro, de caráter forte, não se perverte no meio dos maus e dos depravados. Conserva-se puro, como o ouro da moeda, no meio da podridão.!
Fica, pois, certo, ó cadi, de que o meu amigo Ibrahim, apesar de ter vivido entre os idolatras e os inimigos de Deus é, ainda hoje, o mesmo homem digno sincero e leal que conheço há mais de 15 anos.
E tomando por um atalho, dirigiu-se com sua comitiva, para uma pequena casa, onde vivia, isolado e quase esquecido, o velho e bondoso Mahomed Ben Ibrahim.
<< Home