ALIANÇAS PENTA-CAMPEÃS
Aparecida e eu - 05.junho.1948
A cerimônia religiosa foi celebrada pelo meu amigo, o padre Antônio Mendes Barros, que sempre me cumprimentou assim:
- Oh! Árbitro da elegância masculina!!!
E eu respondia no mesmo tom:
- Oh! Sua Santidade o Papa!!!
A igreja, literalmente cheia, estava ornamentada com flores, candelabros com suas velas acesas, tapetes vermelhos e outros detalhes; os bancos, repletos de convidados que conversavam a meia voz uns com os outros.
Quando eu e minha mãe, Eutargina – que se apresentava como Nhanhá - desfilamos em direção ao altar, não se ouviu o menor ruído, todos em silêncio com os olhos voltados para nós, estampando, nos semblantes risonhos, entusiasmos e alegrias. Eu olhava para a direita e esquerda sorrindo ... sorrindo sempre. Em cortejo, as testemunhas também desfilaram em direção ao altar.
Bem à frente, em bancos reservados para os familiares, meu pai Ilídio Clementino – conhecido como Sêo Ilidinho - se encontrava junto aos meus irmãos: Diló e sua esposa Olga, com o filho Wagner; Cici - de saudosa memória; Irany, Inésia, Ismar e Irineu. Até a minha avó Leopoldina, que chamávamos de Mamãe Didina, compareceu. Lá estava a avó da Aparecida, dona Maria Moreira, conhecida parteira da cidade, que ajudou o meu filho Cláudio a nascer. É lógico que não faltaram a mãe de Aparecida, dona Raimunda (Mundica) e suas três filhas, Terezinha , Vilma e Zizina, além do meu amigo José Viana e minha prima Zoraida, como testemunhas.
Minha noiva, na porta da igreja, aguardava o término do cortejo.
O coral, dirigido pela freira Irmã Celeste, entoou a Ave Maria de Gounod, num emocionante fundo musical para a entrada de Aparecida, de braços com o saudoso pai, José Bonifácio Domingues, vestido num terno impecável, sempre muito elegante, vaidoso que era.
Lentamente, eu e minha mãe nos encaminhamos em direção a Aparecida que se aproximava. Cumprimentei meu sogro, Bonifácio, despedi-me de minha mãe Nhanhá e respeitosamente depositei um ósculo na face de minha quase esposa. Juntinhos nos dirigimos ao altar-mor, onde nos aguardava o Padre Antônio.
A cerimônia transcorreu de acordo com o ritual. Um momento inesquecível foi a Bênçãos das Alianças:
1ª Bênção
Os dois pajens, Maria Costa minha irmã e afilhada mais o Haroldo, irmão de Aparecida, vagarosamente caminharam em nossa direção conduzindo as alianças que repousavam sobre delicadas almofadas.
O sacerdote abençoa as duas alianças. Pega a menorzinha, coloca-a em minhas mãos e manda que eu a beije e a coloque no dedo anular da mão esquerda de Aparecida, recitando:
- Maria Aparecida, eu te recebo como minha legítima esposa, e prometo ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias de minha vida.
Em seguida, tomou a outra aliança, entregou-a a Aparecida, que
a beijou e colocou no meu dedo, com idênticas promessas, respeitadas até hoje, durante esses últimos 57 anos.
2ª Bênção - Bi
Dez anos são transcorridos. Estamos em 1958.
Numa tarde, nós dois estávamos de volta lá da gruta de São José, quando resolvemos entrar na igreja matriz para orações.
Por acaso, realizava-se um casamento. Percebemos que se tratavam de pessoas humildes, pobres. Aguardamos à porta para não incomodar. Eram dois idosos que se casavam, testemunhados apenas por uma senhora mais idosa e o padre. A igreja estava quase deserta.
Em dado momento, o celebrante nos chamou e pediu emprestadas as nossas alianças, para que a cerimônia ficasse completa. E nossas alianças foram abençoadas pela 2ª vez...
3ª Bênção – Tri – As Bodas de Prata
Quinze anos depois, em 1973, as mesmas alianças recebem a bênção pela terceira vez, quando comemoramos nossas Bodas de Prata. Houve uma Missa Festiva, com a presença de muitos amigos, parentes e de todos os nossos 9 filhos, a saber: Cláudio, Clóvis, Cléver, Ismael José, Sheila, Jaques, Ilídio, Nélio e Bonifácio. Agora, as alianças já são tri-campeãs!!!
4a. bênção - 1983 - Tetra
Desta vez, éramos testemunhas de um casamento muito chique. Igreja lotada, com direito a Marcha Nupcial e outras pompas.
Tudo normal até o momento da cerimônia da bênção das alianças.
Os pajens se aproximam dos noivos e do padre, com uma salva de prata, na qual deveriam estar as alianças no meio de pétalas de rosas. Surpresa e decepção: não havia aliança nenhuma!
5a. Bênção – 1998 -Penta – Bodas de Ouro
- Temos alianças penta-campeãs... de bênção! Até 2005, sem dúvida, é recorde mundial!
Daqui a três anos, atingiremos novo recorde, quando nossas alianças serão hexa-campeãs!
Eu e Aparecida, eternos namorados um do outro, já estamos fazendo o programa para o grande dia, que será no primeiro sábado de junho de 2008, ao completarmos 60 anos da mais feliz união de que se tem notícia. . .
Aguardamos vocês.
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