Um fato pitoresco aconteceu na década de 70, na estação da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), aqui em Nova Era(MG).
Personagens:
- Aroldo, irmão de minha eterna namorada Aparecida;
- João Jacinto, primo de um outro amigo lá de Brasília;
- Rogério Muniz Neto e
- Porco/Suíno.
Os trens de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (da CVRD - Compania Vale do Rio Doce) tinham como ponto final a estação da Central do Brasil em Nova Era. Aqui acontecia o que chamávamos de "baldeação", quando todos os passageiros que vinham do Espírito Santo passavam para os vagões da EFCB e seguiam viagem para Belo Horizonte.Naquela época, as ferrovias eram um meio de transporte muitíssimo utilizado por passageiros e para carga (o que deveria acontecer até hoje, caso os governos tivessem um pouco de inteligência: ferrovia é mais barato, mais seguro, transporta mais carga por viagem, etc. - mas isso é outra história). Por isso, os trens de passageiros puxavam um vagão no qual tudo era transportado, desde pequenos volumes, correspondências, caixotes, jornais, maquinário e, imaginem, pequenos e grandes animais!
Aroldo, irmão de Aparecida, era funcionário da CVRD em Coronel Fabriciano. Uma de suas tarefas consistia em despachar os volumes que não podiam seguir junto aos passageiros. Um dia, despachou para João Monlevade dois suínos - foi esta a palavra utilizada no documento. Isso significava que os bichos deveriam sofrer uma "baldeação" em Nova Era. João Jacinto, da Central do Brasil, ao conferir a papelada e as bagagens, achou que havia uma irregularidade e anotou no rodapé da folha de despacho o seguinte:
"Ao fazer a conferência dos despachos, constatei a falta de dois suínos e a sobra de dois porcos, estes sem a devida documentação."
Naquela época, eu ainda era funcionário dos Correios e Telégrafos e fazia a triagem das correspondências na estação férrea.
Fui, então, abordado pelo amigo João Jacinto que me apresentou seu relatório e solicitou-me que assinasse como testemunha.
Quase não acreditei no que li, mas diante de seu semblante compenetrado, resolvi intervir.
Com delicadeza - este é meu feitio - expliquei-lhe:
- Não se preocupe, amigo, pode embarcar os animais. Porco ou suíno é a mesma coisa.
E ele, entre duvidoso e agradecido:
- Anh... é mesmo?
______ ))) o0o ((( ______
Os porcos - ou suínos - viajaram tranqüilos e indiferentes ao seu destino e à confusão. Devem ter servido para algum churrasco, comida de domingo ou, quem sabe, deles foi feita uma deliciosa linguiça... Talvez até recebessem outro nome: "leitoa" assada! [Se o meu neto, Ângelo, já quase veterinário, estivesse por perto, poderia nos dar uma aula sobre isso...]
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