Psicologia esportiva
Vez por outra, faço chegar ao conhecimento dos amigos e amigas blogueiros(as) alguns fatos pitorescos ocorridos com algum filho meu.
Hoje, tenho o grato prazer em publicar, nesse cantinho, um acontecimento que merece destaque, que me foi relatado pela minha filha, a Sheila.
Ela é psicóloga, tem consultório em Belo Horizonte, localizado à Rua..., número...rsrsrs.
Não descreverei o que é Psicologia, já que todos sabem que é uma área da ciência que estuda a psiquê humana. A palavra 'psicologia' vem do grego e quer dizer “estudo da mente ou da alma.” Hoje em dia, porém, é definida como ciência que estuda o comportamento e os processos mentais. (Como vêem, disse que não descreveria o que é Psicologia...).
Sheila formou-se na FUMEC. No 8º período, seu professor de Psicopatologia (o ramo das ciências mentais que estuda as doenças psíquicas) foi o Dr. Francisco Goyatá, amigo do meu filho Cláudio. Ao final do curso, Chico, como era chamado, foi eleito Paraninfo da turma.
Vamos ao que interessa:
Goyatá supervisionava o estágio dos estudantes num hospital psiquiátrico, que funcionava como unidade de internação e hospital-dia. O local era - e é, ainda - bem tranqüilo, tendo grande área arborizada e um pátio em forma de L, para onde os internos se dirigiam e ficavam para banho de sol e caminhadas. Havia, ainda, um espaço coberto com mesinhas para jogos de mesa, tipo baralho, dama, etc. Como o Brasil é o país do futebol, não poderia faltar um campo, ou melhor, "meio-campo", pois tinha apenas uma única trave.
A maioria dos pacientes, entretanto, permanecia ociosa, talvez um pouco sedados pela medicação.
Sheila e seus colegas, decidiram inovar, com a autorização do professor Goyatá e da direção do hospital: elaboraram um projeto para desenvolver atividades dirigidas com os pacientes.
Os alunos se dividiram em dois grupos e se encaminharam para o estágio: Sheila, Guilherme (Gui), Darcy, Artur, Elzi, Silvana, Iete, Osvaldo, Diana, Luiz e alguns outros. Os próprios internos escolhiam o que fazer dentre várias atividades: dominó, baralho, dama, música e até futebol. Coube a Sheila e Guilherme trabalhar com quatro pacientes na quadra de futebol.
No primeiro momento, dirigiram-se aos internos:
- Alguém aqui sabe como se joga futebol?, foram logo perguntando e já respondendo:
- É um jogo inventado na Inglaterra, gente. Divide-se o grupo em número igual de pessoas e uma bola; e a meta é transpor a trave inimiga, o que se denomina "gol", tão festejado pelas torcidas. Aqui no Brasil joga-se com os pés, já nos Estados Unidos, com as mãos!
Para serem bem democráticos, Sheila e Gui deixam os internos decidirem como jogar, e um deles, mulato, alto e forte, de fala mansa, com um bigodinho a Clark Gable (alguém se lembra daquele filme ...E o vento levou?), entregou a bola para o Gui mandando-o para o gol. Depois, dividiu o time e deu início à “pelada”.
Gui, com as mãos, passa para Sheila, mas chuta muito alto. Ela, então, pega a bola com as mãos. O tal paciente se transforma. Sheila se assusta e sua percepção forma aquela imagem típica dos desenhos animados: os olhos se abrem mais e ficam vermelhos, as narinas se dilatam, soltando fogo pelas ventas! Ela vê, literalmente, um touro ou uma locomotiva, partindo para cima dela, vociferando:
- Você não pode pegar a bola com as mãos! Não pode pegar com as mãos!
Sheila, sente o coração saindo pela boca, a adrenalina sobe, o instinto de sobrevivência fala mais alto, deseja estar a quilômetros de distância dali. Sem desviar o olhar do seu oponente, num minuto de eternidade, avalia a situação: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", pensou.
De repente, tudo fica em câmara lenta. Por percepção periférica, nota que todos pararam e olham para eles. Apenas o touro, ou melhor, o rapaz se movimenta em sua direção! Aí, sem se mover um triz do lugar, sem alteração na voz e com a maior calma que lhe é característica, diz:
- Mas você não me ensinou como jogar!
Como por encanto, o rapaz/touro pára, mas continua gritando:
- Não pode, não pode!
Sheila, ainda tremendo e temendo por sua integridade, diz:
- Tudo bem, agora eu sei que não pode, mas por que o Gui pode?
- Porque ele é o goleiro, moça! Só goleiro é que pode usar as mãos! Continua ele já retornando a sua condição exclusiva de humano.
- Então o que farei agora? Ponho a bola no chão?
- Não! foi pênalti e vou bater! Me dê a bola!
Ato contínuo, um pouquito alterado, toma a bola dela!
Sheila, já aliviada pela sobrevivência àquele ataque, se vê livre da bola. Cheia de vida, pronta para assistir à cena da cobrança do pênalti, reza para que seu colega Gui não faça a defesa, "pois tudo poderia acontecer", pensava.
O paciente cobra o pênalti e, como um Pelé da vida, sai gritando a plenos pulmões:
- Goooooool!
Venceu o jogo!
Tudo voltou ao “normal”!
E Sheila?
Bem, ela continuou seu estágio, concluído com louvor. Foi elogiada por todos pela atitude tomada. Perguntavam-lhe, entre outras coisas:
- Onde aprendera lidar com situação tão extremas?
Quanto ao nosso rapaz/touro, a partir desse dia, passou a protegê-ça de possíveis ameaças de outros internos... aí, sim, ele virava um touro!
Só o futebol e Deus pra explicar!
A propósito, a Copa do Mundo está ai. Quanto a mim e mais 180 milhões de brasileiro, estamos torcendo para que a Seleção possa trazer para o Brasil o 6º “caneco”.
É o que almejamos, não?
A V A N T E, B R A S I L !
Hoje, tenho o grato prazer em publicar, nesse cantinho, um acontecimento que merece destaque, que me foi relatado pela minha filha, a Sheila.
Ela é psicóloga, tem consultório em Belo Horizonte, localizado à Rua..., número...rsrsrs.
Não descreverei o que é Psicologia, já que todos sabem que é uma área da ciência que estuda a psiquê humana. A palavra 'psicologia' vem do grego e quer dizer “estudo da mente ou da alma.” Hoje em dia, porém, é definida como ciência que estuda o comportamento e os processos mentais. (Como vêem, disse que não descreveria o que é Psicologia...).
Sheila formou-se na FUMEC. No 8º período, seu professor de Psicopatologia (o ramo das ciências mentais que estuda as doenças psíquicas) foi o Dr. Francisco Goyatá, amigo do meu filho Cláudio. Ao final do curso, Chico, como era chamado, foi eleito Paraninfo da turma.
Vamos ao que interessa:
Goyatá supervisionava o estágio dos estudantes num hospital psiquiátrico, que funcionava como unidade de internação e hospital-dia. O local era - e é, ainda - bem tranqüilo, tendo grande área arborizada e um pátio em forma de L, para onde os internos se dirigiam e ficavam para banho de sol e caminhadas. Havia, ainda, um espaço coberto com mesinhas para jogos de mesa, tipo baralho, dama, etc. Como o Brasil é o país do futebol, não poderia faltar um campo, ou melhor, "meio-campo", pois tinha apenas uma única trave.
A maioria dos pacientes, entretanto, permanecia ociosa, talvez um pouco sedados pela medicação.
Sheila e seus colegas, decidiram inovar, com a autorização do professor Goyatá e da direção do hospital: elaboraram um projeto para desenvolver atividades dirigidas com os pacientes.
Os alunos se dividiram em dois grupos e se encaminharam para o estágio: Sheila, Guilherme (Gui), Darcy, Artur, Elzi, Silvana, Iete, Osvaldo, Diana, Luiz e alguns outros. Os próprios internos escolhiam o que fazer dentre várias atividades: dominó, baralho, dama, música e até futebol. Coube a Sheila e Guilherme trabalhar com quatro pacientes na quadra de futebol.
No primeiro momento, dirigiram-se aos internos:
- Alguém aqui sabe como se joga futebol?, foram logo perguntando e já respondendo:
- É um jogo inventado na Inglaterra, gente. Divide-se o grupo em número igual de pessoas e uma bola; e a meta é transpor a trave inimiga, o que se denomina "gol", tão festejado pelas torcidas. Aqui no Brasil joga-se com os pés, já nos Estados Unidos, com as mãos!
Para serem bem democráticos, Sheila e Gui deixam os internos decidirem como jogar, e um deles, mulato, alto e forte, de fala mansa, com um bigodinho a Clark Gable (alguém se lembra daquele filme ...E o vento levou?), entregou a bola para o Gui mandando-o para o gol. Depois, dividiu o time e deu início à “pelada”.
Gui, com as mãos, passa para Sheila, mas chuta muito alto. Ela, então, pega a bola com as mãos. O tal paciente se transforma. Sheila se assusta e sua percepção forma aquela imagem típica dos desenhos animados: os olhos se abrem mais e ficam vermelhos, as narinas se dilatam, soltando fogo pelas ventas! Ela vê, literalmente, um touro ou uma locomotiva, partindo para cima dela, vociferando:
- Você não pode pegar a bola com as mãos! Não pode pegar com as mãos!
Sheila, sente o coração saindo pela boca, a adrenalina sobe, o instinto de sobrevivência fala mais alto, deseja estar a quilômetros de distância dali. Sem desviar o olhar do seu oponente, num minuto de eternidade, avalia a situação: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", pensou.
De repente, tudo fica em câmara lenta. Por percepção periférica, nota que todos pararam e olham para eles. Apenas o touro, ou melhor, o rapaz se movimenta em sua direção! Aí, sem se mover um triz do lugar, sem alteração na voz e com a maior calma que lhe é característica, diz:
- Mas você não me ensinou como jogar!
Como por encanto, o rapaz/touro pára, mas continua gritando:
- Não pode, não pode!
Sheila, ainda tremendo e temendo por sua integridade, diz:
- Tudo bem, agora eu sei que não pode, mas por que o Gui pode?
- Porque ele é o goleiro, moça! Só goleiro é que pode usar as mãos! Continua ele já retornando a sua condição exclusiva de humano.
- Então o que farei agora? Ponho a bola no chão?
- Não! foi pênalti e vou bater! Me dê a bola!
Ato contínuo, um pouquito alterado, toma a bola dela!
Sheila, já aliviada pela sobrevivência àquele ataque, se vê livre da bola. Cheia de vida, pronta para assistir à cena da cobrança do pênalti, reza para que seu colega Gui não faça a defesa, "pois tudo poderia acontecer", pensava.
O paciente cobra o pênalti e, como um Pelé da vida, sai gritando a plenos pulmões:
- Goooooool!
Venceu o jogo!
Tudo voltou ao “normal”!
E Sheila?
Bem, ela continuou seu estágio, concluído com louvor. Foi elogiada por todos pela atitude tomada. Perguntavam-lhe, entre outras coisas:
- Onde aprendera lidar com situação tão extremas?
Quanto ao nosso rapaz/touro, a partir desse dia, passou a protegê-ça de possíveis ameaças de outros internos... aí, sim, ele virava um touro!
Só o futebol e Deus pra explicar!
A propósito, a Copa do Mundo está ai. Quanto a mim e mais 180 milhões de brasileiro, estamos torcendo para que a Seleção possa trazer para o Brasil o 6º “caneco”.
É o que almejamos, não?
A V A N T E, B R A S I L !
<< Home