Ontem e Hoje

A T E N Ç Ã O: ESTE BLOG É ESCRITO POR MIM, ISMAEL CIRILO, 87 ANOS. PODEM ME CHAMAR DE SOIÉ. (ONTEM E HOJE está sendo publicado na conta de meu filho Cláudio, por isso o perfil dele é que está aparecendo. Coisas do Blogger Beta!).

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Alguém que sempre quer saber mais: inquieto, crítico, curioso.

sexta-feira, maio 19, 2006

Gago? Eu também sou!

A história de hoje se passou com meu filho Ilídio, irmão do Cláudio do Pras Cabeças. Já contei um “causo” dele anteriormente, alguém se lembra? Pois o rapaz cresceu, “virou gente” – como se diz – formou-se em engenharia, casou-se com a Nancy e tem dois filhos: Mateus Henrique e Larissa. Ah, ele não é gago. Nunca foi.

Mas voltemos no tempo para encontrarmos o Ilídio ainda adolescente, preparando-se para o vestibular. De lá pra cá muito água passou debaixo da ponte, eu sei, mas vale a pena recordar:

Meu filho conhecia Nova Era de ponta a ponta. Não havia lugar algum a que ele ainda não tivesse ido. Certa vez, numa de suas andanças, foi parar no bar do Mickey, Rua dos Bandeirantes. Assentou-se à mesa com Isaac, Dodô e Claudinho Aguiar. Pediram ao garçom uma geladinha, que rapidamente rolou goela abaixo.

A conversa fluía entre os amigos quando entraram dois jovens de constituição robusta, morenos escuros. Também pediram uma cerveja, na mesa próxima.

Ilídio, Isaac, Dodô e Claudinho, enquanto falavam sobre mulheres, carro, etc., perceberam que um dos recém chegados era “gago”. Imediatamente o Ilídio falou:

- Olhem aqui, eu conheço um daqueles ali, sei que é gago de nascença. Vou fazer uma gozação com ele, fiquem sérios, hein?

Levantou-se e dirigiu-se assim ao conhecido:

- Ô-ô-ô! vo-vo-vo-você pó-po-poderá me em-em-em-emprestar um-um-um fó-fó-fósforo?

- Qui-qui fó-fó-fósforo o quê ra-ra-rapaz, vo-vo-você está é me-me-me re-remedando, sô!

- Q-q-quem ta-tá me re-remedando é vo-vo-você, qui-qui é eu qui-qui sssssou o ga-gago aqui, retrucou Ilídio.

- Vo-você pen-pensa que não te com-com-com-heço? Vo-você é o fi-filho do Só-só-sóóóié! Nunca fo-foi ga-ga-gue-gui-gago, disse o rapaz, já se levantando da mesa pronto pra brigar.

E o Ilídio, dando uma de valentão, insistiu:

- Não sssssou ga-gago é-é-é uma pipi-pinóia!

Vendo que o caldo poderia engrossar, os amigos do meu filho trataram de bater em retirada, chamando-o para ir embora.

O verdadeiro gago então ameaçou mais:

- É me-melhor me-mesmo vo-você ir embora, antes que eu me-meta a ma-mão nnnnnnnnna sua ca-cara, seu gago de a-a-araque!

- Ga-ga-gago de ara-ara-araque é vvvvocê e sua vo-vozinha!

Foram logo saindo e, uma vez dobrada a esquina, quase caíram na rua de tanto rir.

O Dodô, espantado, dizia:

- Ilídio, não sabia que você era assim, ô cara! Quase nos mete numa enrascada, heim?

- Que nada, sô. Se ele viesse pra cima eu rodava o braço.

O assunto rendeu...

segunda-feira, maio 08, 2006

Já pensando no dia de muitas mães que... nada fazem!

Era uma vez uma mulher que perdeu seu nome de batismo, ou melhor, trocou-o por outro muito usado: o de Mãe.

Sendo Mãe, tornou-se uma pessoa essencialmente chata. A maior cobradora da paróquia: faça isso, faça aquilo...

O relógio toca. Começa a batalha.

‑ Vamos acordar, pessoal!

Corre ligar a água para o café. O leite também (quando tem).

‑ Vamos, crianças, vistam o uniforme.

O pai já está no banho.

‑ Rápido. Tem aula.

Coa o café. Serve a mesa.

Vamos, pessoal. Olhe a hora. Comam todo pão. Escovem os dentes.

Pronto. O marido foi para o trabalho e os filhos para a escola. Trocou de roupa, retirou a mesa, limpou a louça do café. Arrumou as camas. Varreu a casa. Retirou o pó dos móveis. Chegou o verdureiro. Feitas as compras, corre ao açougue. Aproveita a saída e passa pelo banco e paga as contas de água e luz.

Volta correndo. Faz o almoço. Olha o relógio. Está na hora do marido e das crianças chegarem.

Chegaram. Serve o almoço.

‑ Menino, não belisque sua irmã!

O pai pede que lave seu macacão. Conta que hoje o trabalho melhorou um pouco, mas é para cuidar das despesas. Breve repouso e volta ao serviço.

A mãe lava a louça do almoço. A filha seca os pratos e o filhos os talheres e se manda para o quintal. O cachorro aparece com os pêlos da cauda bem aparados.

‑ Esse menino! Foi por isso que ele pegou a tesoura...

‑ Crianças, façam a lição.

Sim, claro, arranjar figuras para a tarefa de Geografia. Costurar a barra da calça do menino. Pregar botão na blusa da menina.

‑ Mãe, amanhã é o aniversário da professora. Tenho que levar um bolo.

Pronto. O bolo está no forno. Enquanto assa, lava o macacão.

‑ Vamos ao dentista. Cuidado ao atravessar a rua.

Passam na panificadora. Voltam para casa.

‑ Tomem banho!

Providenciar o jantar.

‑ Não gosta de ovo? Tem que comer. Faz bem para a saúde. Fiquem quietos. Deixem o pai assistir ao noticiário sossegado. Ele está cansado. Trabalhou o dia todo.

‑ Vão para o banho! Já arrumaram o material para a aula de amanhã? Mas que turma! Desde que chegamos do dentista estou dizendo prá irem pro banho.

Todos deitados. Verificação total da casa. Deixar a mesa arrumada para o café matinal.

‑ Ora veja! O menino esqueceu de guardar um caderno.

Abriu-o deu uma olhada na lição. Ele preencheu uma página com dados pessoais seu nome completo, data de nascimento, local e também dados familiares. Profissão do pai: mecânico. Profissão da mãe: não faz nada, só fica em casa...

[O texto acima me foi enviado por email, pela nora Cida Barone, esposa do meu filho caçula Bonifácio, pais de Luana e Haroldo.]

"SALVE O DIA DAS MÃES! SALVE!"